terça-feira, 4 de maio de 2010

M - O Vampiro de Düsseldorf, de Fritz Lang- 1931


O filme M- O Vampiro de Düsseldorf, dirigido por Fritz Lang em 1931, é uma das obras mais lendárias e um dos expoentes máximos da sua carreira. Tornou-se um dos grandes clássicos do cinema mundial. Com uma construção cinematográfica carregada de elementos expressionistas e fotografia em preto e branco.
O filme foi inspirado em um assassino real chamado Peter Kürten que em 1929 iniciou uma série de crimes e dizia que matava pelo prazer que sentia em ver o sangue jorrar. Lang utilizou o filme para mostrar o pesadíssimo clima social e político da Alemanha da década de 20 e início da década de 30, denunciando a histeria e o cinismo como novas formas de imposição do poder. Além da presença de grupos paramilitares nazistas.
A partir de uma pista falsa um criminoso deixa a cidade em pânico assassinando meninas. A partir desta intriga inicia-se uma investigação, feita paralelamente pelos homens da justiça e pelos homens da máfia. A construção narrativa nos impulsiona cada vez menos a trama policial e sim na profunda mesquinharia da paranóia popular, revela ao longo do caminho que não são os crimes hediondos que fazem a miséria da sociedade, mas sim, o medo e o julgamento apressado. Por mais que o vampiro de Düsseldorf seja uma figura nojenta, a sociedade aqui retratada por Fritz Lang não é menos monstruosa: tanto o tribunal de mafiosos como o cidadão comum, os anônimos das ruas, todos eles tentam projetar seu ódio no primeiro suspeito à mão. No filme os criminosos e as autoridades policiais são apenas duas faces da mesmíssima moeda, como mostra a montagem paralela das reuniões onde se busca soluções para a caça do assassino de crianças.
Lang brilhantemente deixa o suspense no ar para retratar o assassino. as primeiras aparições são sempre em forma de vulto ou de presença fora de campo. O assassino é primeiro uma sombra, depois um assovio, e por fim um homem filmado de longe e de costas. É só quando os traços da investigação vão ficando mais nítidos pela organização dos mendigos, pela hipótese acertada de ser um homem que já passou por manicômios que podemos ver o rosto do infanticida, primeiro de longe e mais tarde de perto.
E, mais uma vez o gosto pela arquitetura destaca-se em um filme de Lang. O filme começa em um cortiço para enfatizar a penúria material e a origem do desamparo de Elsie Beckmann, passando pelas ruas de uma cidade grande realisticamente construída onde são mostradas vitrines, vendedor de balões, os postes em que se vê o anúncio de recompensa pela captura do infanticida, até o condomínio em que o assassino é descoberto.
Da vertigem da senhora Beckmann quando olha para baixo das escadas procurando sua filha à sensação de labirinto nas cenas de escada do condomínio, Lang consegue extrair de seu espaço cênico exatamente o que deseja.
Vale ressaltar que este foi o primeiro filme falado de Lang e este utiliza dos sons para retratar detalhes de cenas e dos personagens, a começar pelo assassino que descoberto por um cego pelo som que emite; um assovio.
O filme contém planos que também devem ser mencionados: na associação dos mendigos, a câmera vai caminhando para frente, focaliza as mesas em que os mendigos separam os restos recolhidos, jogam cartas, e depois sobe um andar e ultrapassa a janela, instalando-se no escritório em que os líderes do crime organizado montam um plano para caçar o assassino de crianças.
Lang enfrentou muitas dificuldades depois do lançamento do filme; M, foi criticado por altas autoridades nazistas, mas o próprio Hitler era fã de Lang conseguiu impedir sua prisão. Mas logo a situação ficaria insustentável e Lang fugiria do país, refugiando-se nos Estados Unidos.

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