sexta-feira, 2 de abril de 2010

2º Filme: 174- Última Parada. (Bruno Barreto)



A idéia de fazer o filme surgiu a partir de um documentário do José Padilha visto pelo diretor Bruno Barreto. Apesar de ser um filme baseado em fatos reais, Bruno Barreto afirma que é uma obra de ficção. O filme gira em torno da história do Sandro e da Marisa. O Sandro é um menino que perde sua mãe quando criança e que após um tempo, é confundido com Alessandro que é o filho que foi "arrancado" de Marisa. A humanidade dos personagens é retratada o máximo possível, isso pode ser percebido na grande quantidade de detalhes que podem ser vistos no filme. Dois fatos que aconteceram de verdade são abordados: a chacina da Candelária e o sequestro do ônibus 174. Podemos perceber dois universos no filme. Um é o universo de origem dos personagens, que é a favela com uma arquitetura mais disforme: morros, barracos um em cima do outro, fios e mais fios se entrelaçando virando um emaranhado que dão o nome de "gato". O outro universo é o centro da cidade ou Copacabana, que tem uma arquitetura mais formal e mais bem definida. Para mostrar esses dois universos opostos, criou-se a oposição com as suas diferenças de cores de luz, de textura; buscou-se uma linguagem visual que contivesse as duas histórias: a do sequestro e a da chacina, mas que também contasse o resto do filme. Quantificar o quanto é realidade e o quanto é ficção, segundo o diretor, é bastante difícil, e também foi um dos motivos pelos quais o diretor quis contar essa história. Esteticamente ele usou muito isso: por exemplo, ele filmou tudo que é dentro do ônibus, que nunca ninguém entrou, que é ficção, em filme. E tudo que é exterior, em tape, pra "casar" com o que as televisões filmaram. Assim, com essas técnicas, consegue-se desconstruir o momento entre o subjetivo e o objetivo; subjetivo e objetivo; tape/filme; tape/filme; ficção/realidade; realidade/ficção.
O maior mérito do filme é o fato de relatar uma história humana; a história de como uma criança se tornou um inimigo público. Ninguém pode julgar, ninguém pode entender sem conhecer a história dele. O vetor principal do filme é achar a inocência no inferno, o que é muito diferente de justificar a atitude de um criminoso. E podem ter certeza: existe inocência no inferno sim.

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