segunda-feira, 5 de abril de 2010
Intolerância
O filme Intolerância tem como subtítulo, "Love’s Struggle Through the Ages" (Conflitos de Amor Através dos Tempos) e baseia-se em montagens paralelas, unindo ações que se desenrolam em quatro séculos e dez lugares diferentes. A última parte, na qual a montagem se acelera prodigiosamente, é um obra-prima. Projetada na Rússia em 1920, Intolerância exerceu ali grande influência sobre os jovens cineastas soviéticos Eisenstein, Pudovikin, Kulechov, sobretudo por suas primeiras seqüências, que mostram uma greve e sua selvagem repressão.
"Intolerância" levou quase um ano para ser rodado e custou US$ 2 milhões, uma fortuna para a época. O mais famoso trecho da obra é o do festim de Balthazar, em uma Babilônia montada em estúdio, com centenas de figurantes e tomadas espetaculares do alto, que consumiu cerca de um quarto do orçamento do filme.
Nesse sentido, a reminiscência histórica de intolerância é impressionante, a fim de justificar certa ideologia, pela qual os EUA são os portadores de uma força civilizadora ideal, capaz de “corrigir” os descaminhos daqueles que seguem à deriva.
Para Griffith, o problema não é propriamente a intolerância, mas os seus alvos, a maneira como ela se exerce. Perseguir e matar os negros, por exemplo, não é um ato intolerante, mas de bondade e de justiça, em nome do progresso. Logo, em O nascimento de uma nação, o clímax recai sobre a ação da Klu Klux Klan, apresentada como uma organização justiceira, que “limpa” a cultura branca da malvadeza dos negros.
Griffith foi o mais destacado iniciador de um tipo de cinema ideológico que, até certo ponto, caracteriza Hollywood entre os seus primeiros anos e o final da década de 1950. Depois da crise, em torno dos anos 1960, o cinema norte-americano precisou de algum tempo para retomar o grande fôlego. Conseguiu, e, hoje é o cinema mais visto no mundo que por sua vez ainda repercute Griffith, amparado e renovado pela chamada estética high concept.
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