segunda-feira, 15 de março de 2010

Humberto Mauro em Descobrimento do Brasil

A câmera de Humberto Mauro em Descobrimento do Brasil


Este filme retrata processos históricos, ou seja a construção de uma identidade do nosso Brasil.
O objeto de análise em questão, o filme descobrimento do Brasil, dirigido por Humberto Mauro, nos conta esse processo do descobrimento do país, e enfatiza um país que já nasce do choque entre culturas.
O português chega e descobre a terra de Vera Cruz, mas essa terra já está descoberta pois se encontra habitada, Iniciam-se então os conflitos nessa relação de superposição de culturas, o homem vestidos contra o homem nu.
O indígena é filmado como objeto alheio à realidade previamente construída; por que ele se encontra assim?
Humberto Mauro busca elucidar a descoberta do país através da transposição do olhar do estrangeiro para as lentes de uma câmera.
Os portugueses passam por momentos de puro romantismo com a imagem do indígena. Uma relação dupla de admiração ali se evidencia: não se trata de uma questão estritamente histórica, mas da forma como essa história pode ser contada e seus resultados a partir daí.
A constante afirmação de um registro, desde os relatórios por escrito até os mapas mostrando em animação as trajetórias, vem o tempo todo enfatizar que ali se trata de um diário de bordo, uma câmera que vai contar a sua verdade para o interpretante. E assim como a câmera veio de fora, o descobrimento vem de fora, como se precisasse de um registro fixo – na História, a carta de Pero Vaz de Caminha, no filme, usa o próprio filme – para a comprovação da existência.

Ao final os navios voltam, deixando a cruz e a câmera que, agora, já não está mais no navio, observa a partida com o tripé em terra firme. Humberto Mauro nos deixa no Brasil, transferindo a nós o olhar que também é dele, como se aí revelasse a sua verdadeira posição como o diretor que encenou um processo histórico. Observa-se, no último plano, portugueses ao pé da cruz com uma carga de não pertencimento visível. Aí, restou-nos a contemplação, a constatação, uma semente que, acima de tudo, é o próprio Brasil.

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