quinta-feira, 4 de março de 2010

Krzysztof Kieślowski




Figura relevante do cinema europeu, Krzysztof Kieslowski foi um grande cineasta, sendo um dos mais aclamados dos últimos trinta anos ao mesmo tempo que é uma tremenda influência para muitos outros. O seu cinema nunca foi feito simplesmente para entreter, mas sim para instruir e informar, comover e inspirar, provocar e incomodar.

Nascido em 27 de Junho de 1941, na Polônia, em Varsóvia, Kieslowski passou os primeiros anos de sua vida em meio a Segunda Guerra Mundial.

Passou anos viajando, pois seu pai era tuberculoso e a família viajava de sanatório para sanatório em busca de tratamentos.

Aos 16 anos, Krzysztof frequentou uma escola de treino para bombeiros, aventura da qual desistiu passados três meses.

Sem grandes perspectivas futuras, ingressou numa escola para técnicos de teatro em Varsóvia, por ser dirigida por um familiar. Mas acabou por estudar cinema, tendo-se candidatado à escola de cinema de Lodz, a mesma que formou cineastas consagrados como Roman Polanski ou Andrzej Wajda.

Rejeitado por duas vezes, conseguiu ser admitido à terceira tentativa. Frequentou a dita escola entre 1964 e 1968, período durante o qual o governo permitia um grau de liberdade artística relativamente alto.

Durante e depois da sua estadia em Lodz, Kieslowski realizou principalmente documentários em curta-metragem, aclamados e vencedores de vários prêmios em festivais nacionais e internacionais. A vida dos trabalhadores e dos soldados era o foco principal desses filmes.

A sua estréia no cinema com longas-metragens deu-se em 1976 com Blizna (A cicatriz), um drama de realismo social que mostrava a revolta de uma pequena cidade contra um mal planeado projeto industrial. Seguiu-se Amator (Amador), um drama dilacerante caracterizado por um certo nível filosófico, onde a função da arte e o seu relacionamento com o papel do artista são implicitamente demonstrados. Regressou seis anos depois com Bez konca (Sem fim), talvez o seu filme mais manifestamente político, ao expor julgamentos políticos do ponto de vista do fantasma de um advogado e da sua viúva. Depois veio Przypadek (Sorte Cega), poderoso drama político-social que alerta para a escolha consciente como uma necessidade imperativa.

A narrativa de seus documentários influenciou bastante seus primeiros filmes de ficção.

Mais tarde, Krzysztof Kieślowski realizou para a TV polonesa uma série de filmes baseados nos Dez Mandamentos (chamada Decálogo) - um filme por mandamento, todos tratando de conflitos morais. Dois deles foram posteriormente produzidos, transformados em longa-metragens: Não Matarás e Não Amarás.

A forma de contar a história muda nesta fase. O diretor passa a usar uma quantidade mínima de diálogos, concentrando-se no poder da imagem e das cores. As palavras são substituídas por uma poesia imagética.

O cineasta aprimora seu estilo ao realizar seus próximos filmes. Os quatro últimos filmes do diretor foram realizados através de uma produção francesa: "A dupla vida de Veronique" (estrelando Irène Jacob) e a Trilogia das Cores (A liberdade é azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha).

A trilogia das cores foram filmes os quais deram um maior sucesso comercial ao diretor. São baseados nas cores da bandeira francesa e no slogan da revolução do país. O toque de Kieslowski está na sua representação das palavras liberdade, igualdade e fraternidade e na forma que as cores dão o ambiente psicológico da história. Outro ponto interessante é reparar no cruzamento de elementos em comum entre os três filmes.

"Trilogia das Cores" surgiu em meados dos anos 90 como um grito quase silencioso de que ainda havia lugar para a poesia, a beleza e a emoção no cinema. Dominada pelo frenético e muitas vezes descartável cinema americano, a década de 90 experimentou um novo modelo que não só reabilitou o cinema europeu, mas também provou que o realismo, o drama humano e a sensibilidade do artista ainda podiam falar mais alto do que filmes baseados em orçamentos milionários e toneladas de tecnologias.

Depois do último filme da trilogia o diretor anunciou a sua aposentadoria alegando estar cansado de fazer cinema.

Porém, começa a escrever o roteiro da trilogia "Paraíso, Purgatório e Inferno", baseada na Divina Comédia de Dante Alighieri. Kieślowski morre em 1996, aos 54 anos, sem concluir esses filmes.
Em 2002, Paraíso foi filmado sob a direção de Tom Tykwer; Inferno em 2005, dirigido por Danis Tanovic e Purgatório em 2007 por Stanislaw Mucha.

Filmografia Krzysztof Kieslowski

1994 - A fraternidade é vermelha (Trois couleurs: Rouge)
1994 - A igualdade é branca (Trzy kolory: Bialy)
1993 - A liberdade é azul (Trois couleurs: Bleu)
1991 - A dupla vida de Veronique (La double vie de Véronique)
1990 - City life1989 - Decálogo (Dekalog) (TV)
1989 - Dekalog, dziesiec (TV)
1988 - Não amarás (Krótki film o milosci)
1988 - Não matarás (Krótki film o zabijaniu)
1988 - Siedem dni w tygodniu
1987 - Sorte cega (Przypadek)
1985 - Sem fim (Bez konca)
1981 - Dia curto de trabalho (Krótki dzien pracy) (TV)
1980 - A calma (Spokój) (TV)
1980 - Estação de trens (Dworzec)
1980 - Pessoas que falam (Gadajace glowy)
1979 - Amator
1978 - Sete mulheres de idades diferentes (Siedem kobiet w róznym wieku)
1978 - O ponto de vista do porteiro noturno (Z punktu widzenia nocnego portiera)
1977 - Eu não sei (Nie wiem)
1976 - A cicatriz (Blizna)
1976 - Pessoal (Personel) (TV)
1976 - Klaps
1976 - Hospital (Szpital)
1975 - Curriculum vitae (Zyciorys)
1974 - Passagem subterrânea (Przejscie podziemme) (TV)
1974 - Primeiro amor (Pierwsza milosc) (TV)
1974 - Raio X (Przeswietlenie)
1973 - Pedreiro (Murarz)
1972 - Entre Wroclawiem e Zielona Gora (Miedzy Wroclawiem a Zielona Gora)
1972 - Princípios de segurança e higiene numa mina (Podstawy BHP w kopalni miedzi)
1972 - Refrão (Refren)
1971 - Fabryka
1971 - Antes da reunião (Przed rajdem)
1971 - Trabalhadores nada sobre nós sem nós (Robotnicy 1971 - Nic o nas bez nas)
1970 - Eu era um soldado (Bylem zolnierzem)
1968 - A fotografia (Zdjecie) (TV)
1968 - Da cidade de Lódz (Z miasta Lodzi)
1967 - Concerto de pedidos (Koncert zyczen)
1966 - O trem (Tramwaj)
1966 - O escritório (Urzad)

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