segunda-feira, 15 de março de 2010

A Viagem de Chihiro - Hayao Miyazaki


  • título original:Sen to Chihiro No Kamikakushi
  • gênero:Animação
  • duração:02 hs 02 min
  • ano de lançamento:2001
  • site oficial:
  • estúdio:Dentsu Inc. / Mitsubishi Commercial Affairs / NTV / Studio Ghibli / Tokuma Shoten / Touhoku Shinsha / Walt Disney Pictures
  • distribuidora:Europa Filmes / Buena Vista International
  • direção: Hayao Miyazaki
  • roteiro:Hayao Miyazaki
  • produção:Toshio Suzuki

Sinopse
: A história se passa no Japão. Chihiro é uma garota mimada, ela tem dez anos e pensa que o mundo gira em torno dela. De mudança com seus pais, eles se deparam com uma estranha passagem e movidos pela curiosidade, entram pelo túnel apesar dos protestos a menina. Assim começa a jornada de Chihiro em um mundo cheio de criaturas mágicas. Ajudada por Haku e outros amigos, ela tem que lutar para recuperar seu nome, salvar seus pais que foram transformados em porcos pela feiticeira Yubaba e sair daquela estranha cidade.

Realidade X Magia

Muito se discute sobre a real intenção dos filmes de animação. Devido ao grande talentos dos criadores e uma ajuda cada vez maior da tecnologia, esse tipo de filme vem ganhado características cada vez mais reais, com movimentos perfeitos e cenas que se aproximam muitíssimo da realidade. e que inclusive incorporando a narrativa, cortes e planos do cinema Live Action. Isso já era discutido desde "Branca de Neve e os Sete Anões" da Disney, há mais de 70 anos, e já se perguntavam o porque fazer uma animação ao invés de um filme com atores de verdade (lembrando que as cenas de Branca de Neve eram encenadas por atores e desenhadas por cima).


É inegável a qualidade de "Branca de Neve se os Sete Anões" e de tantas outras obras consideradas "realistas", sobretudo da Disney. No entanto, o cinema de animação nos oferece uma gama de possibilidade até então impossíveis para o cinema real, planos variados, personagens e imagens belíssimas. Hayao Miyzaki é adepto dessa linha de pensamento, mas no entanto se utiliza da realidade, primeiro como fonte de inspiração (a maior parte de seus personagens e cenários são baseados em pessoas e lugares que fazem parte da vida dele) e quando começa a desenhar faz uma mescla de realidade e fantasia. Suas produções são conhecidas pela crítica social e pela presença sempre marcante da tradição e do folclore japonês.

"A Viagem de Chihiro" se passa em um mundo perdido, habitado por criaturas mágicas, monstros e feiticeiras. Surreal, não!? Mas o que a príncipio parece impossível de se relacionar, nesta animação dos Estudios Ghibli nós conseguimos nos enxergar em vários de seus personagens e refletir com suas mensagens.

Chihiro, Yubaba, Haku, Kamaji...

Chihiro é típica adolescente, pensa que o mundo se curva a todas as suas vontades, reclama, reclama, reclama. Quando os pais resolvem se mudar ela não para de resmungar por ter que se afastar dos amigos.

Haku é o amigo de Chihiro, a quem ajuda e de quem recebe ajuda. Haku é o defensor , o lutador. Mas como todo ser humano ele está suscetível a más influências, e Yubaba se utiliza de sua ingenuidade. Não é atoa que seus personagem tem a capacidade de se transformar em dragão. Na cultura oriental o dragão representa bondade, sabedoria, soberania. Miyzaki se utiliza dessa referência.

Kamaji é talvez o ser que mais espanta quando vemos pela primeira vez. Corpo desengonçado, com quatro braços que se esticam quando necessário, e um mau humor terrível. Mas com o tempo percebe-se que Kamaji é um ser amável, disposto a ajudar Chihiro e Haku.
Quem de nós não conhece ou conheceu alguém assim? O quanto isso é utilizado em séries, filmes, história no mundo inteiro? Quem não se lembra de Frankie (Clint Eastwood) em Menina de Ouro ou de Einer Gilkyson (Robert Redford) em "Um Lugar pra Recomeçar", avô amargurado porquê perdeu o filho e é conquistado pela sua neta Giff.

Yubaba é a feiticeira que domina o mundo mágico, ela é má e rouba o nome daqueles que, como Chihiro, tem o azar de entrar naquele mundo. No entanto, Yubaba se mostra extremamente amável e preocupada com seu bebê gigante, graças a ele Yubaba deixa Chihiro voltar pra casa com seus pais. Nesse momento ela perde todo o ar cruel e age como uma mãe zelosa. Mais que um esteriótipo, essa personagem pode serve como lição. Valorizar a família acima de tudo é um ensinamento que podemos tirar dessa personagem.

Mensagens para as crianças

Outra característica marcante em "A Viagem de Chihiro" é que essa animação é carregada de mensagens e lições que servem tanto para as crianças, quanto para nós adultos.

A amizade e o amor de Haku e Chihiro é a base pra toda a história do filme. Haku se lembrava do nome de Chihiro mas não se lembrava do próprio nome. Em uma cena na caldeira em que o dragão Haku está muito ferido, Chihiro (então chamada Sen) vai ajudá-lo e Haku fala seu nome. Neste instante Kamaji diz "nada pode vencer o amor".

É na caldeira que acontece as maiores lições. Quando Chihiro vai, a mando de Haku, pedir um emprego para Kamaji, ele nega. Chihiro ajuda um dos "bicho-fuligem" a carregar uma pedra, neste instante forma-se uma mini rebelião, todos querem que Chihiro carregue sua pedra, ao mesmo tempo Kamaji diz que se eeles não voltassem ao trabalho voltariam a ser fuligem, e que essa era a condição imposta por Yubaba. Kamaji ainda completa, "não podemos tomar o trabalho dos outros". Desta cena podemos tirar algumas lições, o homem deve trabalhar sempre, arduamente e nós devemos respeitar o espaço de cada um.

O filme ensina que devemos agradecer tudo o que fazem por nós. Kamaji manda que Chihiro vá conversar com Yubaba sobre o emprego. Quando Lyn vai levá-la até Yubaba, Chihiro sai sem agradecer a Kamaji. Neste instante Lyn diz: Você agradeceu ao Kamaji? Ele te ajudou.


Conclusão

O que faz de "A Viagem de Chihiro" um filme inesquecível é a capacidade de conciliar realidade com fantasia. Fantasia nos cenários, nos personagens, nas histórias. Em alguma cenas que não tem outra intenção sequer a não ser nos deixar maravilhados. E realidade nas mensagens, na personalidade, nas lições que podemos tirar. Imaginação, observação e técnica é o que faz Miyazaki e suas obras serem adorados no mundo inteiro.


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